A Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu 17 de setembro como o Dia Mundial da Segurança do Paciente. A data faz referência aos diversos processos que precisam ser adotados pelas instituições de saúde para evitar riscos ao público que busca as instituições de saúde. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realiza diferentes ações para prevenir sobre os riscos de quedas, e envolve tanto as equipes do HCB quanto os acompanhantes das crianças.
“A queda pode trazer consequências muito sérias para o paciente: aumentar o tempo de internação, lesão, se cortar e precisar de suturas”, afirma a diretora de Práticas Assistenciais do HCB, Simone Prado. Ao contrário de campanhas como a de conscientização sobre sepse, que são voltadas apenas à equipe do hospital, a campanha de prevenção de quedas também engloba os acompanhantes e as próprias crianças em seu público.
“Temos um índice de queda bem baixo, mas queremos que não haja nenhuma. O maior porcentual de quedas que temos no hospital é de quando a criança está sozinha com a mãe, que se distrai com alguma coisa e a criança cai. Por isso, é muito importante os pais estarem envolvidos no processo de prevenção, porque quem fica com a criança, na beira do leito, a maior parte do tempo são eles”, explica Prado.
A campanha apresentou às crianças o personagem Humpty Dumpty: mais conhecido na Europa, trata-se de um ovo que caiu do muro e se machucou. O personagem também dá nome à escala utilizada internacionalmente para avaliar os riscos de queda em hospitais. Com várias atividades lúdicas, a campanha reforçou a importância da escala.
Segundo Simone Prado, as atividades lúdicas visavam “associar os fatores que estão na escala e que vão pontuar mais ou menos o risco de queda: o diagnóstico, se é do sexo masculino ou feminino (existem estudos que mostram que o masculino pontua mais); se o paciente está em uso de algum medicamento que o deixe mais sonolento ou diminua o nível de consciência”.
Ao longo da campanha, foram realizadas diversas atividades. Os profissionais participaram de palestra com informações importantes sobre as quedas e as formas como elas podem prejudicar os pacientes; os pais foram orientados quanto às condutas que precisam ser adotadas com seus filhos, especialmente na internação. Já as crianças contaram com desenhos para colorir e interagiram com o Humpty Dumpty. Acompanhado da equipe de enfermagem do HCB, o personagem passeou pela enfermaria do Hospital, lembrando a todos que é preciso ter cuidado com as quedas.
Antônia Silva é mãe de Davi Luis Silva, de 4 anos. Para ela, a decisão da campanha também ser direcionada aos pacientes foi bastante positiva: “Achei muito bom! É um incentivo, mostra às crianças que é perigoso cair”. Acompanhante do filho na internação, ela garante que a equipe do HCB se preocupa em passar todas as orientações, aos pais, sobre como evitar, por exemplo, que as crianças caiam do leito.
Compromisso de todos com a segurança
De acordo com estudos apresentados pelo Núcleo de Segurança do Paciente do HCB, a queda é uma preocupação não apenas para o hospital, mas para todo o país. “Quase 70% dos eventos adversos no Brasil são preveníveis. No caso das quedas, 20% podem ser prevenidas. Além disso, 3% a 20% dos pacientes internados caem pelo menos uma vez”, conta a analista de Segurança do Paciente Giulia Martins.
Como o público do HCB é pediátrico, o hospital precisa sempre estabelecer estratégias para evitar quedas. “Crianças estão em fase de desenvolvimento. Elas não têm competências motoras, coordenação, destreza manual, equilíbrio, força muscular completamente desenvolvidos para que se mantenham nos eixos e não caiam”, lembra Martins.
Essas características das crianças, somadas às brincadeiras e curiosidade próprias da infância, fazem com que as ações do HCB na prevenção de quedas sejam sempre multidisciplinares: todos os os profissionais são responsáveis por garantir a segurança dos meninos e meninas em tratamento e por orientar os acompanhantes para que também adotem condutas corretas.
A gerente da Linha de Cuidado do Paciente Onco-hematológico do HCB, Lorena Borges, reforça: “É muito difícil o trabalho dos profissionais de saúde sozinhos, sem a participação dos pais e das crianças. É muito necessário que nós, como profissionais de saúde, estejamos bem-alinhados nas medidas preventivas; se não conseguirmos educar esses pais e essas crianças, não conseguiremos ter eficácia nos nossos processos”.
*Com informações do HCB