Durante a Sessão Especial em homenagem ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, realizada na manhã desta sexta-feira (04/04), a Câmara de Camaçari debateu as demandas das famílias e reforçou a necessidade de desenvolver políticas públicas que garantam os direitos para os autistas e suas famílias.
O proponente da sessão, vereador Jackson Josué (União), falou sobre sua relação com a causa e agradeceu a mobilização da comunidade para participar do evento. “Deus colocou na minha vida um grupo de mães atípicas da nossa cidade e abracei essa causa para contribuir no que for possível para essa luta. Não faremos promessas aqui nesse momento, mas reforçamos o nosso compromisso para buscar solucionar as demandas dessas famílias que precisam muito da presença do poder público”, afirmou.
Uma das palestrantes do evento foi a neuropsicóloga Sâmela Miranda, que falou sobre a importância do acesso à Avaliação Neuropsicológica que é um exame que traz segurança ao diagnóstico, mas não é ofertado pelo SUS. “Essa é uma das nossas lutas, tentar diminuir a desigualdade na qualidade diagnóstica em Camaçari. O diagnóstico adequado é um direito e traz benefícios não só a pessoa que tem o THEA, mas para toda a família. Isso é inclusão. Isso é garantia de direitos”, defendeu.
Para a psicopedagoga, Ana Gláucia Nascimento, que possui 10 anos de experiência em atendimento a este público, qualquer oportunidade de debater esse tema é um momento precioso para discutir a estrutura educacional pela perspectiva da inclusão. Para ela, não é só uma questão de inserir essas pessoas no ambiente escolar, mas sim oferecer ferramentas que ajudem no desenvolvimento e acolhimento dessas pessoas.
“Isso vem através de políticas públicas, por exemplo, que incentivem a formação e contratação de profissionais especializados nessas demandas, nesses cuidados diários específicos de cada criança que tenha o THEA. Camaçari precisa assegurar o direito à aprendizagem para todos, onde cada estudante, dentro das suas necessidades, encontrem um ambiente escolar preparado para recebê-lo. Direitos não podem ser negociados ou adiados”, cravou.
Reforçando essa ideia, Gabriela Jesus, que é presidente do União Jovem Camaçari, lamentou a falta de ações efetivas do poder público na área. “As famílias atípicas estão cansadas de receber apoio no mês de abril e se deparar com falta de estrutura e serviço durante todo o ano. A gente não precisa de indicações, de textos, de palavras. A gente precisa de ação. Precisamos que o poder público pare de falar e faça o que é preciso para atender essas famílias”, afirmou.
Entre os convidados também estavam o jurista, João Rocha, e a psicóloga Beatriz Rocha. Os dois são casados e pais de dois filhos atípicos. Na oportunidade, elas deram seus relatos sobre os desafios da paternidade e maternidade atípica, além de fazerem referência a questões específicas vividas pelas famílias. Por sua vez, o deputado estadual Manuel Rocha também fez uso da palavra, exaltando a importância do debate e o trabalho desenvolvido na Assembleia Legislativa para instituir políticas públicas que tratem de maneira responsável o tema.
A audiência contou com a participação de diversos pais e mães atípicas. Um dos destaques foi Moisés Andrade, que deixou a sua mensagem. “O autismo é difícil, é desafiador. São muitos preconceitos a enfrentar. Eu não aceitava o diagnóstico do meu filho. Eu era um negacionista. Tinha vergonha. Mas eu afastei a ignorância da minha mente e meu filho mudou a minha cabeça totalmente. É uma grande oportunidade de afastar qualquer julgamento externo. De entender que o julgamento das pessoas não cabe na nossa realidade. Hoje eu luto para ajudar outros pais. Para trazer mais pais para esta luta que é tão importante”, afirmou.
Também esteve presente o presidente do partido União Brasil, Helder Almeida, além de outros representantes da causa e os vereadores Tagner Cerqueira (PT), Kaique Ara (PT), Dudu do Povo (União), Vagner Bispo (PSB), Luisão (Republicanos), Sales Brito (PSD), João Dão (PSB) e Manoel Filho (PL).