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Debate sobre conexão e pertencimento abre Semana do Servidor
Os desafios da convivência no século XXI e do estabelecimento de conexão e pertencimento no mundo contemporâneo foram debatidos na manhã de hoje, d...
23/10/2023 18h40
Por: Redação Fonte: MP - BA

Os desafios da convivência no século XXI e do estabelecimento de conexão e pertencimento no mundo contemporâneo foram debatidos na manhã de hoje, dia 23, durante a abertura da ‘Semana do Servidor 2023, na sede do MP no CAB, em Salvador, com transmissão via Teams para todos os servidores da instituição no interior do estado. A procuradora-geral de Justiça Norma Cavalcanti abriu o evento destacando a importância da valorização dos servidores. “Nós estamos felizes em ter vocês como parte da nossa gestão, que é de convívio e portas abertas para os servidores, para os quais desejamos e nos empenhamos para que tenham muito sucesso, a exemplo da aprovação da lei de valorização da carreira”, salientou, ressaltando que o projeto de gestão da sua administração, ao lado do chefe de gabinete e do secretário-geral do MP, promotores de Justiça Pedro Maia e Alexandre Cruz, sempre pensou um projeto inclusivo para os servidores. “O MP não existe sem o servidor. A atividade fim depende da atividade meio. O servidor é fundamental para o MP”, concluiu, desejando a todos uma semana de comemoração e de valorização. “Membros e servidores estamos todos aqui para servirmos à sociedade. É isso que valoriza o MP da Bahia”. Na palestra de abertura, o neuropsicólogo e doutor em Ciências da Educação, Alessandro Marimpietri, destacou que na sociedade atual o sujeito espera que a realidade se ajuste a ele, vivenciando frustrações que perpassa as esferas pessoais e profissionais.

Foto: Reprodução/MP - BA
O psicólogo afirmou que essa postura diante da vida traz consigo desafios muito grandes, pois convoca o sujeito contemporâneo a acreditar que ele tem um papel central e que a vida “tem que se adaptar a esse protagonismo. “Esse é um desafio que gera muitas frustrações, pois a vida não funciona dessa forma”. Marimpietri destacou a singularidade do momento atual. “Nós estamos testemunhando uma mudança de funcionamento do mundo que jamais veremos igual. Nós vivemos dilemas que nossos pais não viveram e nossos filhos, dilemas que nós não vivemos”, frisou, caracterizando o que chamou de uma transição de paradigma sem precedentes. “Isso é maravilhoso, porém é difícil, gera angústias, incertezas e frustrações com as quais ainda estamos tendo que aprender a conviver”, afirmou, frisando que não se trata de romantizar o passado, mas de entender que “em um tempo histórico muito curto, o mundo passou por períodos de experiências muito distintas, vividas por todas as pessoas que hoje estão na fase adulta da vida. “Somos pessoas que usamos streaming de música, mas já usamos fita cassete; temos tv sob demanda, mas assistimos tv de tubo; usamos computadores, mas já usamos máquinas de datilografar”, exemplificou.

Foto: Reprodução/MP - BA
O desafio maior imposto por essa mudança, de acordo com o neuropsicólogo, é que todos estaríamos como que obrigados a aprender a conviver de uma outra maneira. “Nós fomos formados em uma matriz e temos que aprender a ser adultos, a trabalhar, a amar, a inventar a vida em uma outra matriz”. Mariampietri falou sobre os desafios da convivência nesse tempo de transição. “Esse tempo faz com que as pessoas atribuam a si próprios uma importância maior do que a que elas têm, imaginando que o mundo precisa se moldar às suas vontades, trazendo desafios bem específicos”. Um deles seria a mudança no modo de subjetivação das pessoas após o advento do crédito. Ele destacou que antes era preciso fazer um sacrifício, uma economia, para materializar um desejo de adquirir um determinado bem de maior valor. Hoje, por meio do crédito, o indivíduo materializa desejos e mais desejos, acreditando ser dono do que, na verdade não é seu, mas do banco, o que gera uma percepção distorcida da realidade que traz consigo uma grande propensão à frustração, pois as pessoas são levadas a crer que essa relação com as coisas, de satisfação imediata, pode se reproduzir em todas as esferas da sua existência subjetiva. “Somos levados a buscar um objeto que não existe para ocupar um vazio interno, o que faz com que vivamos sob a lógida de não consertar nada, mas trocar. Isso se aplica a coisa e a relações, o que é muito complexo”, frisou. Marimpietri destacou a importância de retomar o diálogo como ferramenta de interlocução interpessoal, seja nos relacionamentos pessoais, seja nos profissionais. “É preciso conversar para consertar as coisas, pois os problemas existem e precisam ser resolvidos”. Ele concluiu afirmando que precisamos reaprender a conviver. “É preciso aparar arestas, ajustar nossa existência, aprender a existir coimo coletividade”.

Foto: Reprodução/MP - BA
O psicólogo explicou que a realidade atual nos impõe relações horizontais e em rede. “O mundo contemporâneo nos pede a vivência do que chamamos de superlativo da experiência”, afirmou, explicando que a cultura do mundo atual se pauta no excesso e na unicidade. “Ninguém quer tomar ‘um café’, quer tomar ‘o café’. É uma cultura da sobra, do muito”. Como resultado, o indivíduo nunca estaria satisfeito. “As crianças são um exemplo. Uma pesquisa mostra que eles trocam de muito de canal em frente à TV, pois sempre acreditam que o próximo pode ser melhor. Como resultado, ele assiste pouco de muita coisa e muito de nada, o que se demonstra de forma clara no movimento de arrasta pra cima nas redes sociais”. Como resultados, afirma Marimpietri, os problemas ganham um contorno “gigantesco”, fazendo o sujeito cada vez mais inábil para lidar com a frustração, com os relacionamentos e em construir qualquer coisa ‘longitudinal, que atravesse o tempo, que tenha durabilidade”. Esse excesso de oferta de possibilidades de experiências imediatas e efêmeras, de acordo com o pesquisador, cria uma frustração decorrente da convocação permanente para que as pessoas sejam felizes. “O excesso de prazer está fazendo as pessoas mais infelizes, pois o nível de dopamina, de recompensa, que o cérebro recebe nas experiências efêmeras é tão alto, que qualquer recompensa menos significativa se torna ‘chata’. Desaprendemos a esperar para depois, a postergar a gratificação e precisamos reaprender a lidar com isso”, concluiu.

Programação

Durante a tarde de hoje, os servidores tiveram ainda, na sede do CAB, palestra sobre alimentação nutritiva e comunicação através da imagem, além de uma aula de Yoga. Na sede de Nazaré, os assuntos da tarde foram segurança pessoal, aromaterapia e respiração consciente como ferramenta de bem-estar.

Amanhã, dia 24, nas duas sedes, haverá mostra de talentos dos servidores, a partir das 9h, e no CAB uma feira de troca de livros, uma apresentação do Coral MP Em Canto e um espaço para fotografias ‘instagramáveis, que será realizado num estúdio montado no salão nobre. Na quarta e na quinta-feira, uma palestra sobre educação financeira será ministrada pela manhã no CAB, com transmissão via Teams. Pela tarde, no salão nobre do CAB será oferecida uma oficina de dança, haverá apresentação de música e de comédia, com um ‘Bingo Divertido’, conduzido pelo ator Maurício Oliveira, onde haverá distribuição de prêmios. Na quinta-feira, o ‘Projeto Voar – Valorizando Objetivos. Alcançando Resultados’ promoverá uma capacitação em OKR (Objective Key-Results) com foco em objetivos pessoais.

Fotos: Humberto Filho / Cecom Imprensa