Expressões de fé e devoção às orixás Iemanjá, Iansã, Oxum, Nanã, Ewá e Obá, marcaram a terceira edição do Presente Coletivo das Yabás – evento em honra às divindades femininas nas culturas tradicionais das religiões de matriz africana. Como cenário, as águas do Rio Joanes, no Parque Natural Prainha de Parafuso, que reuniu devotos, além de pais e mães de santo de Camaçari, durante a entrega de oferendas de flores e perfumes, realizada neste sábado (25/5).
O festejo, realizado pela Comissão do Projeto Presente das Yábas e Pais e Mães de Santo de Camaçari, contou ainda com a apresentação do Samba de Caboclo de Parafuso, com Mestre Albertino. Um dos organizadores do projeto, Marcelo Mutakani, falou um pouco sobre a relação da celebração com a preservação ambiental: “A ideia desse presente coletivo é o resgate dos sítios aquáticos de Camaçari, é manter e fazer frente à preservação do meio ambiente, bem como a manutenção das tradições e dos cultos das religiões de matriz africana, salvaguardando o patrimônio e a divindade das águas. A gente entende que não há vida sem natureza, e nós somos a natureza. Então, é uma forma de agradecer a essa riqueza que nos foi dada”, salientou.
O coordenador de Igualdade de Direitos e Combate à Discriminação, da Secretaria do Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedes), José Anísio Severino, também ressaltou o objetivo do fortalecimento das religiões de matriz africana. “Essa chance de expressar a fé é muito importante para que as pessoas deem visibilidade à questão da intolerância religiosa. Viemos dar a nossa contribuição ao fortalecimento da cultura e da religião para uma sociedade igualitária e antirracista”, declarou.
O titular da pasta do Esporte, Lazer e Juventude (Sejuv), Luciel Neto, marcou presença e, na oportunidade, ressaltou a importância do festejo. “Esse evento representa o feminino nesse mês de maio, considerado o mês das mães. E estamos aqui para manter a religiosidade viva, fortalecer o coletivo e presenciar essa homenagem às yábas”, destacou.
Entre as participantes do festejo estava Itana Carvalho Viana, autônoma de 54 anos e moradora de Parafuso. “Venho todo ano prestigiar essa celebração. Temos um terreiro na comunidade, e poder estar aqui representando nosso axé é maravilhoso demais. Sobretudo, é muito importante para acabar com o preconceito”, disse.
A aposentada de 60 anos, Marize Pereira, do terreiro Ilê Axé Omin Tolá, revelou ser a primeira vez que participa da comemoração. “Essa é a forma da gente se unir contra o racismo e o preconceito religioso. É bom poder exercer livremente a nossa fé. É a primeira de muitas, amei participar”.
Sobre as orixás homenageadas e suas representações na religião: Iemanjá é rainha dos mares, mãe dos orixás e protetora dos marinheiros; Iansã é a deusa guerreira dos raios, das chuvas e das tempestades; Oxum é a rainha das águas doces, dona dos rios e cachoeiras; Nanã é senhora as águas paradas, dos pântanos e da terra úmida; Ewá é a deusa da vidência, protetora das virgens e das matas intocáveis; e Obá, que é a deusa da guerra e do poder, representante das águas revoltas dos rios.
A terceira edição do Presente Coletivo das Yabás teve apoio institucional da Prefeitura de Camaçari, através das secretarias de Governo (Segov), da Cultura (Secult), da Sedes; e da Sejuv; além do Conselho Municipal de Cultura de Camaçari (CMCC).
Foto: Jean Victor
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