Membros e servidores do Ministério Público estadual participaram na manhã de hoje, dia 11, da abertura do curso ‘Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero’, que aborda as nuances e complexidades que envolvem os casos de violência doméstica e feminicídio. Segundo o coordenador das Procuradorias de Justiça Criminais, procurador de Justiça Adriani Pazelli, o objetivo é aprimorar a qualificação para atuar diante de um tema de fundamental importância para a promoção da justiça e dos direitos humanos. “A sociedade ainda carrega desigualdades históricas entre homens e mulheres, as quais se manifestam de maneira cruel na violência de gênero” lembrou ele, destacando que o feminicídio “é um profundo fracasso da sociedade”.
O procurador de Justiça assinalou que o MP tem a responsabilidade de atuar com rigor e sensibilidade diante de casos de violência doméstica. Ele compôs a mesa de abertura com a procuradora-geral de Justiça Adjunta, Norma Cavalcanti, que enfatizou o importante papel do MP e do Judiciário na proteção das mulheres; da presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça, desembargadora Nágila Brito, que ressaltou a relevância da atuação e da necessidade de um olhar sensível aos processos
A palestra inicial do evento foi proferida pela desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Adriana Ramos de Melo. Ela começou afirmando que “a mutilação feminina ainda acontece em todo o mundo” e apontou diversos viéses da violência contra mulher, assinalando que, desde a infância, a mulher é mais vulnerável e exposta a situações violentas. “Ainda existe casamento
A desembargadora carioca abordou ainda a exploração sexual de crianças e adolescentes, destacando que tem um grande recorte de gênero. Citou a pesquisa sobre violência obstétrica ‘Se ficar gritando, vai ter o filho sozinha’ e registrou que “nem na hora do parto, as mulheres estão livres da violência institucional”. Adriana de Melo pontuou que a violência de gênero atinge todas as classes e que as mulheres pobres, negras e periféricas são as mais atingidas. “Infelizmente, o espaço doméstico não é de harmonia e de segurnaça para muitas mulheres”, lamentou a palestrante, afirmando que em todos os espaços e em todos os contextos as mulheres sofrem violência. O evento terá ainda palestras da coordenadora do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid), promotora de Justiça Sara Gama, e da pesquisadora e professora universitária Márcia Macedo.
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