Logo no final da Asa Sul, às margens do Lago Paranoá existe um bairro que destoa um pouco das outras quadras da região, repleto de áreas verdes e praças arborizadas. A Vila Telebrasília, com 67 anos, recém-completados, e 5,5 mil moradores, mantém um passado bem vivo como símbolos de união e resistência.
AAgência Brasíliaconta, nesta quinta-feira (21), a história da Vila Telebrasília no#TBTDoDF– um especial de matérias que aproveita a sigla em inglês paraThrowback Thursdaypara mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.
A Vila Telebrasília surgiu em 1956, como um dos inúmeros acampamentos construídos para alojar as pessoas que chegavam para trabalhar nas obras da construção da nova capital. No final da década, a região abrigava funcionários da Construtora Camargo Corrêa. Com o fim do processo de urbanização, o local se transformou em refúgio dos funcionários das empresas que se deslocaram para instalar os serviços de telefonia no centro do país. Primeiro a Cotelb e, logo em seguida, a Telebrasília, empresa criada para gerenciar esses serviços de telefonia, que mais tarde virou o nome do bairro.
Anos mais tarde, os funcionários, de posse do alojamento, começaram a repassar e vender os barracos para outras pessoas que chegavam para tentar uma nova vida em Brasília. E foi assim que a cidade começou a crescer. Junto com ela, a luta pela permanência no espaço.
Resistência dos moradores
O professor João Almeida vive na vila há mais de 40 anos e lembra bem do período de acampamento e da trajetória de crescimento da comunidade. “Eu vim pra cá com a minha família no final dos anos 70. Era um acampamento tradicional, com casas de madeira, em uma comunidade pequena e acolhedora. Cheguei aos 17 anos e, logo cedo, começamos a discutir as necessidades dos moradores”, relembra.
Segundo ele, com a saída da construtora da cidade, a manutenção dos moradores no local ficou precarizada e a comunidade resolveu se unir para reivindicar melhorias. “Havia a necessidade de manutenção. Então montamos a associação e começamos a lutar pelas nossas causas e pela cidade. Em 1988 demos início a uma grande campanha para regularizar a nossa permanência no local, como um bairro de Brasília”, conta João Almeida.
Dona Maria do Carmo, de 88 anos, reside na vila há 35 anos e também relata o período que chegou. “Era um assentamento, paguei 8 mil, mas nem me lembro a moeda, em um barraco. Com dez filhos foi muito difícil e uma luta para ficar aqui. Me lembro que mais de 300 famílias ainda foram retiradas da vila. Hoje amo demais morar aqui”, ressalta.
A Praça Resistência se tornou símbolo da luta dos moradores, e aqueles que permaneceram não se arrependeram. Em 1991, a Lei nº 161 garantiu aos moradores o direito de fixação na Vila Telebrasília. Sete anos depois foi aprovado o primeiro projeto urbanístico da região, com os padrões de moradia existentes de ocupação original, com a manutenção da volumetria de edificações baixas e presença de vegetação. A comunidade passou a receber rede de energia elétrica e saneamento básico.
“A praça ganhou o nome por conta da luta da comunidade e a placa de entrada na cidade também é símbolo dessas manifestações. Foi feita por nós moradores, quando a partir daí veio água, esgoto, asfalto e as outras benfeitorias”, completa o professor Almeida.
Tempos atuais
Hoje os moradores comemoram e aguardam a finalização do primeiro Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) que está sendo construído na Rua 18 da região. Com investimento de cerca de R$ 5 milhões, a previsão é atender aproximadamente 200 crianças. E os cuidados com a cidade são vistos ao percorrer as ruas com espaços limpos e arborizados, além do campo sintético, símbolo da cidade, reformado.
O administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros, responsável pela gestão da Vila Telebrasília, garante que está sempre atento aos pedidos da comunidade. “A administração, juntamente com a comunidade e os demais órgãos do GDF, vem trazendo melhorias para a vila, que surgiu em 1956 para abrigar trabalhadores e suas famílias que vieram ajudar na construção de Brasília. É uma comunidade batalhadora, que merece todas as benfeitorias”, declara.
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