Após um ano de liderança russa, o Brasil se prepara para assumir a presidência dos BRICS em 2025, marcando uma transição estratégica que impactará toda a América Latina. De acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o grupo BRICS deverá ter um papel de destaque no crescimento econômico global nos próximos cinco anos, com estimativas de que o Brasil superará economias como Alemanha, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e França até 2028.
O comércio tem sido um motor de desenvolvimento crucial para os BRICS. Segundo a Sputnik, entre 2017 e 2022, as transações comerciais entre os países-membros cresceram 56%, alcançando US$ 422 bilhões. Esta dinâmica tem atraído a atenção de investidores, interessados nas novas oportunidades de mercado proporcionadas pela aliança.
Outro reflexo do crescimento do bloco é o fortalecimento das marcas de moda emergentes. Essa expansão desafia o domínio histórico das marcas de luxo ocidentais, marcando uma mudança significativa no eixo geográfico da moda para a Ásia e outras regiões emergentes. Em 2019, por exemplo, a China — maior produtora e exportadora de vestuário do mundo — foi responsável por 30 bilhões de peças, representando 35% das exportações globais. A Rússia, por sua vez, apresenta um crescimento anual projetado de até 8% no setor de luxo, de acordo com o jornal Calcio e Finanza.
A participação brasileira em eventos como o BRICS+ Fashion Summit é um exemplo do potencial do setor de moda do país, que emprega mais de 1,33 milhão de pessoas e faturou mais de R$ 193,2 bilhões em 2022, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Nos últimos anos, o Brasil se consolidou como o maior exportador de algodão do mundo, de acordo com o Ministério da Agricultura, destacando-se no cenário global de moda e vestuário. A recente participação em Moscou abriu novas oportunidades para a expansão do mercado e parcerias estratégicas.
"O BRICS foi responsável por uma parte significativa do crescimento econômico mundial nas últimas décadas", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil em seu discurso na cúpula do BRICS. A presença do Brasil no BRICS+ Fashion Summit, que foi realizado na capital russa, atraiu representantes de mais de 100 países, incluindo 15 nações latino-americanas, promovendo o intercâmbio de ideias e soluções conjuntas para desafios globais.
Camila Ortega, presidente da Nicaragua Diseña, destacou a importância da colaboração. “O grupo BRICS tomou passos estratégicos que permitem aprofundar e diversificar as expressões de cooperação e trabalho conjunto em uma relação de respeito mútuo e verdadeira parceria”. A criação da Federação Internacional de Moda dos BRICS reforça essa visão, unindo associações de moda de diferentes nações.
O designer brasileiro Rogério Vasques, da Maison Revolta, foi um dos que se apresentou em Moscou. "Para marcas independentes, se apresentar num evento que conecta Europa e Ásia é extraordinário. Este momento é importante, pois projeto o trabalho de vários designers para um futuro global”, comentou Vasques.
Nando Yax, fundador da Guatemala Fashion Week, enfatizou a importância de valorizar mercados emergentes. “Em um mundo onde a moda é guiada por grandes capitais, é essencial que propostas de mercados menos tradicionais ganhem espaço. Isso mostra que esses países também têm relevância”.
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