A taxa de crescimento anual do setor de medicina reprodutiva do Brasil, entre 2023 e 2026, está prevista em 23%, de acordo com dados de uma pesquisa feita pela Redirection International e divulgada pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
O estudo mostrou que em 2023 o mercado de medicina reprodutiva no Brasil movimentou R$1,3 bilhão e deve ultrapassar os R$3 bilhões em 2026. Na publicação, a SBRA também destacou a posição de liderança do país em fertilização in vitro (FIV) na América Latina, já revelada pela Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA).
A Dra. Taciana Fontes, médica especialista em reprodução assistida e ginecologia, com dedicação à saúde reprodutiva feminina da Clínica Bonvena de Medicina Reprodutiva, analisa o cenário e afirma que o crescimento reflete uma combinação de fatores.
“O aumento se deve à maior disseminação de informação, ao avanço das técnicas de fertilização, a ampliação do acesso e maior busca por tratamentos de reprodução assistida por casais que enfrentam infertilidade, mulheres que optam por postergar a maternidade e casais homoafetivos”, pontua a especialista.
O Dr. David Barreira, médico especialista em Reprodução Humana, ressalta que o crescimento do setor gera otimismo e, ao mesmo tempo, consciência dos desafios que acompanham o cenário. “Isso exige maior preparo técnico, ético e emocional das clínicas e profissionais. É uma área da medicina que lida com sonhos, frustrações e decisões complexas. Portanto, o setor deve buscar evolução em qualidade, acolhimento e humanização”.
Para o especialista, os avanços científicos e tecnológicos na área de reprodução assistida contribuem para o crescimento do setor. “Tecnologias como a vitrificação (congelamento ultrarrápido) de óvulos e embriões, o aprimoramento das técnicas de cultivo embrionário, a triagem genética embrionária (PGT-A) e a inteligência artificial (IA) aplicada à seleção de embriões aumentaram significativamente as taxas de sucesso dos tratamentos”.
Preservação da fertilidade
A Dra. Taciana Fontes esclarece que há um aumento na procura por preservação da fertilidade, como congelamento de óvulos e embriões. “Esse movimento é impulsionado por mudanças sociais e comportamentais, como o adiamento da maternidade por motivos profissionais, acadêmicos ou pela ausência de um parceiro ou parceira para dividir o sonho da maternidade”.
Conforme esclarece a ginecologista, as mulheres estão cada vez mais conscientes sobre o declínio natural da fertilidade com a idade e buscam a alternativa como forma de manter aberta a possibilidade de ter filhos no futuro. “O avanço representa além de uma conquista técnica, uma mudança cultural. Falar sobre fertilidade hoje é falar sobre planejamento, autonomia e liberdade de escolha”.
De acordo com um estudo da Global Market Insights sobre mercado de congelamento de óvulos e bancos de embriões, a faixa etária de 31 a 40 anos foi responsável por uma participação de 45,6% em 2023. O relatório também atribui o crescimento do segmento à tendência crescente de postergar a gravidez devido à estabilidade financeira, às aspirações profissionais e à escolha pessoal das mulheres.
O Dr. Carlos Portocarrero Sánchez, ginecologista e obstetra da Clínica Bonvena, assinala que o congelamento de gametas ou embriões pode ser realizado para que a reprodução assistida seja possível em casos de endometriose severa. “As intervenções para que a reprodução assistida seja possível dependem da causa da infertilidade, idade da paciente e associação com outros fatores de infertilidade”.
Conforme divulgado pela CNN Brasil, mais de 7 milhões de mulheres no Brasil são afetadas pela endometriose, caracterizada pelo implante de células do endométrio (podendo formar nódulos), tecido que reveste o útero, em outras regiões do órgão e do corpo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40% das mulheres com endometriose apresentam dificuldade para engravidar.
Inseminação artificial e outros tratamentos
O Dr. Carlos Portocarrero Sánchez destaca que a fertilização in vitro (FIV) é o procedimento mais realizado no Brasil, devido sua eficácia em casos mais complexos, como endometriose, fator masculino grave, idade avançada ou falhas em tratamentos anteriores.
“A doação de óvulos e sêmen é bastante procurada por mulheres com falência ovariana, idade materna avançada ou casais homoafetivos, que em alguns casos também optam pela recepção de óvulos da parceira (ROPA) e gestação por substituição”, esclarece o ginecologista.
Segundo o especialista, a inseminação artificial, também conhecida como inseminação intrauterina (IIU), é indicada em casos mais simples, como anovulação leve, fator masculino discreto ou infertilidade sem causa aparente em pacientes com menos de 37 anos. Já o congelamento de óvulos atende pacientes que passaram por quimioterapia tóxica para os ovários ou testículos.
O Dr. David Barreira lembra que a inseminação artificial é uma técnica de reprodução assistida em que o sêmen é depositado diretamente na cavidade uterina durante o período fértil, aumentando assim as chances de alcançar uma gravidez.
“É um procedimento de baixa complexidade, apresenta uma taxa de sucesso entre 10 a 20%, em que as variantes apresentadas pelo casal determinam a possibilidade de a gestação ocorrer. Existem alguns requisitos para saber se tanto a mulher quanto o homem se encontram aptos a optar pela inseminação artificial”, indica o especialista.
De acordo com a especialista Dra. Taciana Fontes para a mulher, é necessário ter ao menos uma tuba uterina normal, pois a fertilização do espermatozóide no óvulo ocorre justamente na tuba. No caso do homem, deve ser verificado se possui sêmen com pelo menos 5 milhões de espermatozoides móveis progressivos para cada ml de sêmen.
Para o Dr. Carlos Portocarrero Sánchez, a inseminação artificial deve ser considerada no caso de casais jovens que apresentam causas de infertilidade desconhecidas, pacientes com alterações leves ou moderadas no espermograma, alterações no sêmen, irregularidades na ovulação, alteração no colo do útero, com distúrbios de ovulação, como é comum na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e em alguns casos de endometriose.
Para mais informações, basta acessar: https://bonvena.com.br/
Mín. 22° Máx. 33°