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Homens abraçam a luta de combate à violência contra mulheres em evento no MP

Homens de diversas idades participaram na manhã de hoje, dia 6, no Ministério Público estadual, do ‘I Encontro de homens pelo fim da violência cont...

06/12/2023 às 16h30
Por: Redação Fonte: MP - BA
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Foto: Reprodução/MP - BA
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Homens de diversas idades participaram na manhã de hoje, dia 6, no Ministério Público estadual, do ‘I Encontro de homens pelo fim da violência contra mulheres’. O evento marcou a passagem do ‘Dia nacional de mobilização dos homens pelo fim da violência contra mulheres’ e propiciou reflexões para os que estão abraçando a luta. A promotora de Justiça que coordena o Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero e em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid), Sara Gama, destacou aos presentes que nascer homem numa sociedade machista é nascer cheio de privilégios aos quais as mulheres não têm acesso e conclamou cada um a não subjugar ninguém em razão do gênero, raça, etnia ou religião. “Vocês, homens, têm o mundo. Nós, mulheres, estamos agarrando, tirando na unha os nossos bocados deste mundo que é nosso também”, ressaltou ela.

Sara Gama lembrou que o privilégio de ser homem na nossa sociedade vem desde muito cedo. Ali, quando pequenos, os homens já são livres, exploram o espaço público enquanto as mulheres ficam com o espaço da casa, do quarto, com brinquedos que geralmente ensinam sobre o cuidar. “Desde sempre, mostram que o nosso espaço é pequeno e não o do mundo”, lamentou ela,

Foto: Reprodução/MP - BA
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salientando que, muitas vezes os homens não entendem e não alcançam o que sentem as mulheres porque sempre experienciaram a vida nos seus lugares cheios de privilégios.

Durante o evento realizado pelo Município com o apoio do MP foi apresentada a campanha ‘Laço Branco’, que lembra da necessidade da luta baseada numa situação que ocorreu em Quebec, no Canadá, quando um estudante invadiu uma sala do curso de Engenharia para matar todas as estudantes mulheres porque, segundo ele, ali não era local de mulher. A secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Fernanda Lôrdelo, destacou a importância da campanha e da sensibilização dos homens pelo fim da violação aos direitos das mulheres. “Esta causa é de todos”, conclamou ela, frisando que é fundamental a participação dos homens no enfrentamento à violência doméstica e familiar.

Fernanda Lôrdelo lembrou que os dados do Brasil são alarmantes. Somente em 2023, disse ela, foram notificados mais de 74 mil estupros cometidos contra crianças de 0 a 13 anos de idade. Para a secretária, “fóruns como este são importantes para que se tire o país dessa onda de violência que acaba com nossos filhos e famílias”. A representante da Secretaria Estadual de Política para

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Mulheres, Camila Barreto, destacou que o diálogo com os homens é a tarefa mais importante no processo de mudança dessa cultura machista. Ela acredita que é preciso ver o processo educacional como primordial para que se faça entender que “fomos todo criados no machismo, mas podemos refletir e mudar nossas condutas”.

O professor Antônio Eduardo Carvalho fez uma apresentação on-line, diretamente do Canadá, para falar sobre ‘Modelos de intervenção junto a homens autores de violência conjugal vigentes no Brasil e no Canadá’. Ele informou que, somente no primeiro semestre de 2023, 722 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil e esta é uma realidade de violência que acontece em todo o mundo. Em Quebec, disse o professor, existe uma associação que reúne 39 organizações que realizam trabalhos com homens autores de violência contra mulheres e isso ocorre de forma contínua porque existem políticas públicas de Estado, mas, no Brasil, as ações tendem a ser pontuais e uma das razões é a falta dessa política e do consequente financiamento.

Foto: Reprodução/MP - BA
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Antônio Eduardo falou ainda sobre a importância dos grupos reflexivos e explicou que, no Canadá, há um modelo que não existe no Brasil, que são as terapias fechadas. Neste modelo, os homens que são presos em razão de violência contra mulher, antes de terem a liberdade concedida, passam por uma casa onde vivenciam atividades voltadas à reflexão das suas condutas e ao desenvolvimento de estratégias para uma vida sem violência. “A violência não está em nós, não é natural. Ela é um modo perverso de comunicação que resolvemos utilizar para resolver nossos problemas”, alertou ele, conclamando todos a fortalecerem a luta contra a violência doméstica e familiar. Também compuseram a mesa do evento o representante da Guarda Municipal, Jhones Azevedo; da sociedade civil representada pelo Laço Branco, Bárbara Trindade; a presidente da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica, Eliana Pires; Isabel Guimarães, do Grupo de Mulheres do Brasil; Iracema Silva, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Feminicídio (NEF); a ex-delegada que foi a primeira titular da Delegacia Especializada em Violência Doméstica, Isabel Alice; além de outras delegadas.


Fotos: Sérgio Figueiredo

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