A concepção de um código de vestimenta – o conhecido dress code –, é uma norma presente na maioria das empresas tradicionais, com ternos, gravatas e saltos altos incorporados como um elemento de competência profissional. No entanto, com o surgimento das startups e uma cultura corporativa renovada, essa percepção começou a mudar. Figuras como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e outros empreendedores demonstraram que vestir moletom e camiseta não impactava a capacidade de gerar lucro. Pelo menos não em alguns segmentos de negócios.
Nos últimos anos, aumentou o número de companhias que decidiram abolir ou flexibilizar o dress code adotando uma única regra: “venha como você é”. A medida vem na esteira do crescimento das práticas de ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), que implementa políticas internas alinhadas com diversidade e inclusão (D&I).
Segundo o levantamento mais recente do portal Vagas.com, o número de vagas afirmativas – posições destinadas a mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência –, cresceu 33,2% em 2022, saltando de 19.825 em 2021 para 26.409.
Com o crescimento da diversidade nas empresas, um outro desafio se apresenta: como seguir códigos de vestimenta que não interfiram na liberdade individual dos funcionários?
“Por muitos anos as empresas acreditaram na eficiência do uniforme, que ainda funciona muito bem em determinadas funções”, comenta Cezar Francisco, visagista, cosmetólogo e educador. “Mas, atualmente, muitas companhias não querem impor um visual e sim criar uma aliança entre o DNA da marca e as características individuais do colaborador”, fala.
“Não significa que o bom senso e a cultura corporativa morreram”, afirma Cezar. Através do visagismo corporativo, ele ensina profissionais a escolher vestuário, corte de cabelo, maquiagem, paleta de cores e acessórios. “Vestir-se adequadamente para a sua função nunca deixará de ser importante, mas é possível fazer isso respeitando a personalidade e individualidade de cada um”, afirma.
“Isso é especialmente importante em empresas multinacionais ou com equipes multiculturais, onde a maneira de se vestir e se apresentar pode variar de acordo com as tradições e expectativas locais”, completa o visagista.
Segundo um estudo realizado pela empresa de coworking IWG, divulgado em 2023, cerca de 72% dos entrevistados preferem trabalhar para empresas com um código de vestimenta flexível. Além disso, 24% dos trabalhadores em formato híbrido disseram que ficariam mais atraídos a ir ao escritório se pudessem usar qualquer roupa ou estilo que escolhessem. Na verdade, cerca de 25% disseram que até aceitariam uma redução salarial por um dress code mais relaxado ou eliminado.
Mais do que políticas de inclusão, a pesquisa aponta a adoção do trabalho híbrido durante a pandemia como fator central na flexibilização dos códigos de vestimenta. “A pandemia fez com que as empresas percebessem que os trabalhadores se sentiam melhor quando podiam usar roupas que refletissem o seu estilo pessoal. Após a pandemia, todos querem se divertir um pouco através da aparência e o trabalho híbrido permite criatividade e flexibilidade”, analisa Diana Tsui, estilista e consultora criativa da IWG.
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