No quintal da dona Lúcia Bezerra, 62, 12 mulheres em situação de vulnerabilidade transformam coletivamente suas realidades através do bordado livre. Com linhas de cores vivas, costuram suas histórias no tecido de chita. Elas fazem parte do projeto Bordadeiras do Jardim, que vem mudando, há mais de três anos, a vida de mulheres artesãs do bairro Jardim das Oliveiras, em Fortaleza. Produtoras de almofadas de chita, elas são agora credenciadas como artesãs, pela Secretaria da Proteção Social, por meio da Central de Artesanato do Ceará (CeArt).
Dona Lúcia conta que o bordado e a companhia das outras mulheres do grupo lhe ajudam a enfrentar as dificuldades impostas pela doença de Parkinson. “Tenho um nível mais leve da doença, mesmo assim precisei fazer tratamento médico. Foram os nossos encontros, todas as terças, no meu quintal, que me motivaram a continuar acreditando na minha capacidade de criar e manter minha coordenação motora”, conta Lúcia, orgulhosa de sua carteirinha de artesã credenciada pela CeArt.
O grupo Bordadeiras do Jardim foi criado por Karla Carvalho, quando percebeu a necessidade de encorajar as mulheres do Jardim das Oliveiras a se reunirem para criar um trabalho sólido, onde pudessem mostrar toda sua potência e criatividade. “Eu faço esse trabalho voluntário junto com minha filha, Hannah, e posso dizer que estar aqui acompanhando, ensinando e aprendendo com elas é umas das coisas mais gratificantes e prazerosas da minha vida”, revela Karla, que é militar aposentada e, além de ensinar, tem atuado no auxílio da comercialização do produto que o grupo desenvolve.
“A gente sabe que a certificação da CeArt é uma forma de valorização do artesanato cearense e que se apropriar disso faria toda a diferença para o grupo, então, conversamos com cada uma delas e conscientizamos sobre a importância de estarem cadastradas na CeArt, e hoje é muito gratificante a gente ver elas cheias de orgulho mostrando suas identidades de artesãs”, ressalta Hannah Mariah.
Raimunda Pereira, 61, é rápida com as linhas e gosta de cores bem vivas. “Eu gosto de chegar aqui, trançado vai, trançado vem, uma conversa aqui, outra acolá e a manhã passa voando. Como meu bolinho com café, converso com minhas amigas, crio minhas almofadas e assim a vida fica mais fácil, mais leve”, diz.
Ticianne Gomes é gerente de produção da CeArt e destaca que além de identificá-las como artesãs, o principal benefício da identidade artesanal do Estado é a isenção do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS). “A identidade artesanal delas foi emitida a partir da identificação da habilidade de cada artesã, que demonstrou sua técnica presencialmente aqui no setor de produção da CeArt, e agora, além da isenção do ICMS, elas podem solicitar capacitação, participação em oficinas e aperfeiçoamentos da CeArt”, destaca Ticianne Gomes.
Atualmente, são 38.961 artesãos cadastrados na CeArt. Para comercializar esses itens, a CeArt conta com seis espaços físicos e um canal on-line.
Por meio da CeArt, o artesão tem acesso a serviços como cadastro para emissão de identidade artesanal, que garante isenção no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); cursos e oficinas de qualificação, inovação e gestão, além de participação em feiras e eventos. A CeArt promove a compra direta dos artesãos e a comercialização dos produtos certificados com o Selo CeArt.
A CeArt é responsável pela emissão e renovação das identidades artesanais . Para emitir a identidade artesanal, compareça presencialmente ao setor de produção, localizado na Praça Luiza Távora ou agende atendimento remoto por whatsapp (85) 99659-3656.
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