“É a primeira vez que visito um local como esse, tão importante para conhecer a nossa história, descendência, cultura. Sem essa iniciativa, eu nunca viria aqui. Para ser sincero, nunca tinha ouvido falar. Ninguém tira da gente uma experiência como essa“, revelou o estudante Cauan Rauan David, 17 anos, 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual de Tempo Integral Edith Machado Boaventura, de Feira de Santana, ao visitar o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro Histórico de Salvador.
Cauan faz parte de um grupo de quase 70 estudantes da rede estadual, que participam, neste sábado (24), do “Programa Estudantes nos Museus”, desenvolvido pelas secretarias estaduais da Educação (SEC) e de Cultura (Secult), com o apoio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (Ipac) e da Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM). Apenas em 2025, cinco mil pessoas, entre professores e estudantes do ensino regular e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), tiveram a oportunidade de enriquecer a experiência educacional ao conhecer patrimônios culturais da Bahia.
No circuito de museus do Centro Histórico, o ponto de partida foi o Elevador Lacerda, construído em 1873 e forte ponto turístico da capital — primeiro do mundo a funcionar como transporte público. As visitas continuaram pela Praça Municipal, Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, Praça da Sé, Estátua de Zumbi dos Palmares, Largo do Pelourinho, Praça Terreiro de Jesus, Caminho de São Francisco, Memorial das Baianas, Casa do Benin, Fundação Casa de Jorge Amado e Museu de Arte Moderna (MAM), no Solar do Unhão.
Para a técnica da coordenação de Arte e Cultura Estudantil da SEC, Izabela Kottler,
o programa tem um forte impacto na educação e visão de mundo dos alunos participantes. “É uma experiência mágica e transformadora, porque é a primeira vez que eles saem da escola ou do próprio bairro para conhecer o mundo exterior e ter contato com essa visão artística, que os aproximam da arte, da cultura e do patrimônio. Além disso, tem o impacto pedagógico, pois a exposição aos acervos agrega valor ao aprendizado, aumentando o interesse deles por esse tipo de conhecimento”.
A visita é conduzida por mediadores e arte-educadores, que promovem a interação dos estudantes e professores acompanhantes com as exposições. Durante o percurso são apresentadas informações sobre o contexto histórico, cultural e artístico das obras. Já as oficinas artístico-educativas promovem práticas que combinam criação artística e educação. Através delas, os participantes são incentivados a explorar e expressar suas ideias e sentimentos por meio de várias formas de arte, como pintura, desenho, colagem e cerâmica, entre outras, com o objetivo de estimular o pensamento crítico, a criatividade e a percepção estética.
Para projetos como o "Pretitude em Foco", da escola participante, composto por 150 estudantes negros, a visita a locais como o Muncab tem um significado ainda maior, já que traz a África para o contexto local, ampliando a visão de mundo e identidade desses estudantes.
“Esse grupo me transformou. Descobri a minha identidade e a minha força. Estou mais confiante sobre a minha história, sobre os povos que me antecederam. Estava muito animada para conhecer o Mucab e estar aqui, significa a realização de um sonho”, afirmou Rakelly Barbosa Araújo, do 9º ano.
Lauro de Freitas – Cerca de 30 estudantes do Colégio Estadual Alfredo Agostinho de Deus, em Lauro de Freitas, também se integraram, neste sábado, ao Programa Estudantes nos Museus. Eles visitaram o Museu de Arte Contemporânea (MAC), no bairro da Graça, e o Museu de Arte da Bahia (MAB), no Corredor da Vitória.
Repórter: Simônica Capistrano/GOVBA
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